Resumo: Este é o final da trilogia, que começou com Sentindo na própria pele e Com o amor não se brinca. Neste livro, a escrava Tonha – personagem presente nas obras anteriores – já encontra-se desencarnada e será a protetora da jovem Clarissa, neta de Rodolfo e bisneta de Licurgo e de Palmira.

Clarissa mora com seus pais, Fortunato (filho de Rodolfo) e Flora, na Fazenda São Jerônimo, juntamente com os irmãos Luciano e Valentina. Devido à uma praga na plantação de café, a rica família Sales de Albuquerque encontra-se á beira da falência. Para evitar sua desonra, Fortunato resolve ceder a mão de Clarissa (então com 19 anos de idade) a um rico joalheiro, de 40 anos, Sr. Abílio. Em troca, Abílio saldaria as dívidas de Fortunato.

Clarissa entra em desespero, pois percebe claramente que seu pai a vendeu. Todos em sua casa ficam consternados, exceto Valentina que nunca se afeiçoou à irmã caçula. Clarissa então sonha com a Vó Tonha, que a aconselha e aceitar o casamento, revelando que este seria seu destino. Sem alternativa, Clarissa se casa com Abílio e deixa a Fazenda São Jerônimo (situada no próspero Vale do Paraíba), indo residir com o marido e seus 2 filhos em Cabo Frio, que na época era apenas um vilarejo. Durante a viagem de navio, acontece um naufrágio, mas Abílio e Clarissa se salvam.

Clarissa, uma nobre, ao chegar na casa de Abílio descobre que ele não possui criados. Encontra a casa toda suja e sendo cuidada pela pequena Angelina, filha do primeiro casamento de Abílio com Leonor, que se suicidara há alguns anos atrás ao saber que seria transferida a um acampamento de leprosos. Além de Angelina havia Vicente, quase da mesma idade de Clarissa.

Clarissa não entende porque tem que passar por tamanha humilhação: ser vendida pelo pai, ter que ir morar num vilarejo com um viúvo grosseiro e misterioso e ainda ter que cuidar de uma casa e de filhos que não lhe pertenciam. Em desdobramento e com a ajuda de Vó Tonha, Clarissa vai conhecendo uma encarnação anterior, quando foi a arquiduquesa Luísa, uma mulher voluntariosa e voltada à luxúria, que se envolveu com o capitão Nicanor (Abílio), casado com Agripina (Leonor), pais de Esmeralda (Angelina). Além de Nicanor, a quem Luísa chantageou para mantê-lo como amante, ela também tinha um caso antigo com seu primo Carlos (Vicente), que lhe devotava um amor incondicional. Carlos, revoltado com o romance entre Nicanor e Luísa, resolve contar a Agripina que o marido estava traindo-a. Desta história, acontece uma grande tragédia que reflete na atual encarnação de todos esses personagens.

Aos poucos, Clarissa consegue conquistar seus enteados. No caso de Vicente, surge uma forte atração entre eles e a relação com Abílio segue fria e distante. No antigo quarto de Leonor, durante as madrugadas, ouve-se gemidos e batidas nas paredes. Clarissa, conhecedora da religião africana cultuada pelos escravos, decide que irá ajudar o espírito de Leonor a encontrar a paz.

Após a morte de Leonor e com a ajuda do criado e ex-escravo Tião, Abílio passa a frequentar o terreiro de Pai Joaquim, em busca também de paz. Além de Clarissa, Abílio e Tião, outro conhecedor da imortalidade da alma é Luciano, irmão de Clarissa, que vinha estudando a Doutrina Espírita, recém surgida na França.

Que mistério existia na morte de Leonor? 

Ficha Técnica:
Médium: Mônica de Castro
Espírito: Leonel
Páginas: 386

Comentário: Eu adorei este livro. Considero-o o melhor desta trilogia. Li em apenas 1 dia. A trama é ótima, envolvente, dinâmica e os acontecimentos vão se desenrolando de forma rápida. O livro mescla kardecismo com culto aos Orixás ( na época deveria ser uma religião semelhante ao que hoje é Candomblé). Tem um trecho muito legal, onde Tião diz a Abílio que Clarissa é teimosa e impetuosa porque é filha de Iansã.

– Mas tem que reconhecer que ela é uma pequena danada de bonita.
Abílio sorriu e respondeu, meneando a cabeça:
– É, sim. Pelo menos com isso eu tenho que concordar.
– E não é só isso, não. Ela é uma moça muito decidida também. Meiga, mas decidida.
Pude notar. A sinhazinha Clarissa é uma filha de lansã danada de teimosa.
– É mesmo, não é?
– E muito boa. Deu para perceber o quanto ela é boa. Tem o coração puro.

Este não é o primeiro livro de Mônica de Castro que trata das religiões voltadas ao culto aos Orixás. Em Jurema das Matas, Leonel abordou o começo da Umbanda no Brasil.

Eu só não gostei muito do final. Achei surreal demais.

A projeto gráfico é muito bom e logo no início do livro temos um resumo das duas obras anteriores.

Trecho:
No trecho abaixo, temos uma bonita conversa entre Vó Tonha e Clarissa, sobre a importância de cumprir um compromisso reencarnatório.

Você está tão preocupada com o seu sofrimento que não consegue enxergar que há
outros sofrendo ao seu redor.
– Se está se referindo a seu Abílio, ele sofre porque quer. Ninguém mandou me tirar da
minha casa.
– Se é assim, você também quer sofrer. Por que foi pedir para reencarnar junto dessa
família?
– Mas eu não pedi!
– Você sabe que pediu. E está sofrendo por sua própria teimosia. Mas não precisa ser
assim. Ninguém tem que sofrer. Basta se colocar disponível para a vida que ela
se encarrega de lhe mostrar o caminho certo. Não resista, Clarissa, desarme-se e
entregue-se ao seu destino. Fica difícil e cansativo caminhar contra a força do
vento.
– Não sei se posso fazer o que me pede. Por mais que tente, não consigo compactuar
com a tirania de Abílio.
– Não precisa concordar com ele. A submissão embota o crescimento e estimula o
dominador a permanecer na tirania. Divirja dele, mas com amor. Exponha suas opiniões,
suas idéias, sem medo de contrariá-lo, mas faça isso com respeito e amorosidade. Não
é preciso gritar nem brigar,mas seja enérgica quando necessário. Seja firme, não agressiva. Se você conseguir proceder dessa maneira, em breve verá que Abílio também vai desarmar-se e passará a confiar em você, e você se surpreenderá com o homem maravilhoso que ele é.
– Maravilhoso? Acho difícil de acreditar.
– Pois acredite. Abílio revestiu-se de uma capa, e caberá a você ajudá-la a cair.
– Não sei se serei capaz.
– Não foi capaz com Vicente?
– Com Vicente foi diferente. Ele é um menino ainda, muito revoltado e perdido…
– Exatamente como o pai. Mas você teve com Vicente uma paciência e uma determinação que não tem com Abílio, não é verdade?
– Sim, é verdade.
– E viu como foi fácil conquistá-lo?
– Vicente é um menino carente. Precisa de amor…
– Abílio também. A diferença é que você prontamente reconheceu em Vicente um espírito amigo, cujas afinidades logo a fizeram que brar a muralha de gelo que ele erguera

 
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