Este é o segundo volume da Trilogia “Paixões” de autoria do espírito Clara, ditado ao médium Américo Simões.. O primeiro livro se chama “Paixões que ferem” e você pode conferir a resenha neste link.

Roberto Corridoni, filho de Mario e Margarita Corridoni, se tornou um homem cruel, machista, frio e calculista. Mudou-se para uma fazenda em Serra Dourada e se casou com Inaiá, a quem obrigou a ter quantos filhos ele desejasse. A moça mal se recuperava de um parto e logo Roberto já queria mais filhos. Tiveram 6: Massimo, Matteo e Cecília (gêmeos), Homero, Josefina e Florisbela ( reencarnação de seu pai Mário Corridoni).

Roberto se tornou dono do único banco da cidade e, posteriormente, prefeito. Tratava a todos com muita cordialidade, menos a sua família. Com Inaiá sempre foi grosseiro, alegando que a mulher tem que ser submissa ao marido. Aos seus escravos reservava o que tinha de pior em si. Maltratava-os sem dó nem piedade Considerava-os animais, não acreditava que tivessem alma e sentimentos. Afirmava que:

Os negros tem de aprender de uma vez por todas qual é o lugar deles na nossa sociedade. Saber, definitivamente, que não passam de um bando de animais perambulando por entre nós, brancos, raça superior (pg 111)

Além de maltratar sua esposa, Roberto ainda tinha uma amante, para desespero de Inaiá. E nutria muito ódio pela família Nunnari, especialmente por Liberata – que foi seu grande amor mas que a abandonou para vingar-se de sua mãe Gianluza, com que o seu pai Mario teve um romance no passado.

Ao final daquele dia, ao chegar em casa na fazenda, o infiel marido jogou-se na poltrona e berrou o nome da mulher:
– Tire-me as botinas! – ordenou, assim que ela apareceu com um sorrisinho amarelo e inseguro. Foi preciso grande esforço por parte dela para atender ao pedido do esposo. As botinas pareciam coladas aos seus pés. Depois de feito aquilo, ele, rispidamente, falou:
– Cadê minha taça de licor? (…)
– É que muito cheia pode derramar em você…
– Vá, vá vá! fecha essa matraca! (pg 35) 

Com o passar do tempo, Inaiá foi se cansando e entrando em depressão, especialmente depois que todos os seus filhos se casaram.

Para piorar, Roberto decidiu que apenas os filhos homem herdariam sua fortuna. Para as meninas apenas daria uma casa para cada uma delas, exceto para Florisbela a quem deserdou porque ela o enfrentou para defender a mãe.

A trama se passa no começo do século XIX e mostra claramente como era a sociedade na época: conservadora, patriarcal, escravagista. De lá para cá muita coisa mudou, mas a questão do machismo, infelizmente, continua presente visto que a emancipação feminina ainda é algo muito recente, coisa de 40 anos para cá.

Assim como no primeiro volume desta trilogia,  não encontramos explicações sobre as encarnações passadas dos personagens e raríssimas são as passagens com conteúdo espiritualista ou doutrinário.  Porém, a história é muito bem arquitetada e prende a atenção do começo ao fim.

O foco principal deste segundo volume é Roberto Corridoni e sua família, mas a autora também vai mostrando a saga dos Nunnari.

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