Lançado em 2012, este romance mediúnico trata de um tema bastante polêmico: a homossexualidade. Abner é um arquiteto bem sucedido que decide ir viver com seu companheiro Davi, mas antes terá que enfrentar a fúria do pai conservador e a a incompreensão de sua irmã Rúbia.
Além da história de Abner, temos a de sua outra irmã, Simone, que está esperando um bebê com Síndrome de Patau e é abandonada pelo marido Samuel.
O livro possui 436 páginas, com diversas orientações preciosas sobre a sexualidade humana. Linguagem de fácil compreensão e uma trama que prende a atenção do começo ao fim.
Trecho:
—Homossexualidade é uma condição normal de uma parte da população mundial.
Antigamente acreditava-se que a homossexualidade era causada por algum trauma de
infância ou problema com a família. Hoje se sabe que não é nada disso. A pessoa nasce
homossexual. Homossexualidade não é, nem nunca foi, um distúrbio emocional,
psicológico. Aliás, é bom lembrar que o Conselho Federal de Psicologia proíbe qualquer
psicólogo tentar curar uma pessoa de sua homossexualidade.
—Não foi uma escolha sua? Sei lá… De repente você decidiu ser diferente…
—Ora… Por favor… Ninguém escolhe ter desejo, sentimentos e emoções homossexuais.
Ninguém consegue decidir pelo mais difícil ou pelo mais fácil. A vida simplesmente vai
acontecendo. Não é fácil admitir essa condição em um mundo tão hipócrita, ignorante e
tirano.
—Se é assim… Você sempre foi homossexual? — falava agora de modo mais calmo.
—Sim, sempre. Veja, minha irmã, homossexualidade não é opção, é uma condição. Eu
nasci assim. Sou assim. Não escolhi isso como quem escolhe fazer uma tatuagem e viver
tatuado pelo resto da vida. Acontece que somos educados e criados para sermos
heterossexuais, ou seja, quando nasce um menino, todas as suas roupas e brinquedos são
masculinos. Ao nascer uma menina, os pais e parentes escolhem roupas e brinquedos
femininos. Até cor é determinação do sexo para alguém. Azul para meninos, rosa para
meninas. Ignoram, até, que azul é cor feminina, sabia? — A irmã ficou em silêncio e
Abner continuou: — A família sempre espera que o menino, que o garoto se interesse
pelo sexo oposto. Assim também é com a menina. Mesmo quando percebem que sua
tendência, seus desejos são homossexuais. Os pais não gostam ou não querem admitir
que seu filho ou filha é diferente da maioria. E comum ouvir alguém dizer que o fulano
virou homossexual. Quando, na verdade, o correto é dizer que o fulano assumiu ser
homossexual.