Resumo: Trata-se de um romance mediúnico umbandista, que conta a saga de Simas de Amoeda, um ex-juiz da Inquisição que, por ingenuidade, levou seu pai à morte na fogueira e que, a partir dessa decepção, saiu pelo mundo vindo aportar no Brasil, onde conheceu João de Mina, um velho negro escravo, a quem chamou de Pagé Negro, e que lhe ensinou sobre os Orixás. Viveu com negros e índios, aprendendo com o Pajé Anhanguara o poder das ervas. Sua missão: proteger índios e negros da ganância dos portugueses. Em suas andanças, foi agraciado por Iemanjá (Inaê Iabá) com uma poderosa e mágica estrela do mar.
Comentário: Pai João de Aruanda, através da mediunidade de Rubens Saraceni, nos brindou com um livro fascinante, repleto de ensinamentos, que prende a atenção do começo ao fim. Uma verdadeira obra-prima espiritualista!
Trechos:
No trecho abaixo, Saraceni nos revela onde estão os padres e bispos católicos que participaram da vergonhosa Inquisição, que tanto maculou a imagem da Igreja Católica. Muitos retornaram ao corpo físico – através da reencarnação – mantendo suas características egoístas, mercantilistas e sádicas e estão agora no comando de religiões protestantes ( a meu ver, especialmente nas denominações pentecostais e neopentecostais), combatendo a mediunidade – que é e sempre vai ser uma ameaça para seus anseios de poder e ganância – e impondo a “Palavra de Deus”, muitas vezes de forma distorcida, com interpretações equivocadas da Bíblia e às custas de dízimos exorbitantes. “Quem tem olhos de ver, que veja”
Hoje, os padres negros já vestem outras “batinas”. Os perseguidores de pessoas possuidoras de dons naturais estão localizadas num ramo dissidente da Igreja Católica, que é o protestantismo. Os ecos dos juizes da Inquisição que defendiam os seus interesses e ambições pessoais através das trombetas da Santa Igreja Católica, ainda são ouvidos nas vozes dos “pastores” que sufocam os dons naturais comuns a todos os seres humanos,invocando-os como manifestações do demônio.Hoje, 1994, ano de um século em que o homem alcança fronteira dantes nunca imaginadas pelo conhecimento humano, ainda somos obrigados a ouvir as vozes inquisidoras a sufocar tais dons, pois eles são, tal como naquela época, uma ameaça às suas religiões mercantilistas. Esses dons, ou faculdades, não podem ser mercantilizados, sob risco de o seu doador, que é Deus, retirá-los de imediato do escolhido,impedindo-o de manifestá-los entre os homens. Eles não precisam de nada mais que uma doutrinação para que se tornem uma ação maravilhosa aos olhos dos que ousam vê-los.Por isso, ora são sufocados por padres, ora por pastores e ora por governantes, uma vez que tais dons mostram o lado divino dos seres humanos, aquilo que liberta a alma das amarras mercantis daqueles que falam de Deus, mas cobram dízimos dos seus ouvintes.Talvez seja porque falam de Deus, e não em nome de Deus, que cobram tão caro dos seus ouvintes.O valor que se cobra não é apenas em espécie, não fica só nos valores materiais. Eles exigem uma submissão total às suas interpretações do que seja a vontade de Deus. Sim, hoje, ontem e amanhã sempre haverá os que lutarão com meios materiais para imporem suas “idéias” sobre o que seja a vontade de Deus, mas também haverá aqueles que darão sustentação às manifestações dos dons naturais dos seres humanos
Já neste outro trecho, temos um diálogo entre Simas e Inaê Iabá:
Você também chora. Por que chora, filha? De onde você é, quem é você? -Eu sou uma serva do meu Amo e Senhor. -E quem é ele? -Ele é o maior Pescador que eu conheço. Pesca em todos os mares,às vezes Ele traz uns peixes para eu limpar. Meu trabalho é limpá-los e cuidar para que não venham a se estragar, senão não servirão de alimento. Se isto acontece, Ele não diz nada para me repreender,pois é muito compreensivo, mas eu sinto que Ele fica triste com minha falha (…) Quem é você, bondosa criatura, que sabe como consolar os aflitos?Não é uma limpadora de peixes, eu sei que não é. – Eu sou aquela que limpa os peixes que devem servir de alimento a seus semelhantes. Devo dar-lhes força para continuarem suas caminhadas na terra. Eu purifico e fortaleço aos guerreiros que lutam com as armas divinas. Eu sou serva obediente do Criador de tudo e de todos. Porque não abres os olhos para ver quem sou,Cavaleiro da minha Estrela? Você é o meu Cavaleiro da Estrela da Guia.