Resenha: Eu recebi este livro de uma leitora do blog, a Marcela. Até então, meu conhecimento sobre o Candomblé era mínimo, baseado em estudos que fiz sobre os Orixás da Umbanda. A autora do livro é uma abiyan e recebeu o nome de Ekedji Mel D’Ewá. Abiyan é como se chamam a filha ou o filho-de-santo não iniciado. É a pessoa que está se preparando para fazer o santo. Grau pré-iniciático. (Marcos Carvalho, Gaiaku Luiza)
Neste livro, Mel nos conta como foi o processo de entrar para o Candomblé, seus conflitos e incertezas – já que até então era católica – bem como sua transformação pessoal após se iniciar. Ela já convivia com o “pessoal do santo”, visto que sua mãe era a mãe-de-santo de um terreiro, ou barracão. Interessada no tema, a autora resolveu estudar e se aprofundar, mas sua mãe a alertou: “Candomblé se aprende dentro do barracão”.
A autora descreve alguns rituais próprios do Candomblé, tais como as rezas, as cantigas, o uso de fios de conta, as comidas feitas para o santo, os despachos ou ebós e, no capítulo 41, toca numa das questões mais polêmicas e delicadas da religião: o sacrifício de animais. Outro ponto interessante do livro é quando ela descreve as fases de iniciação: feitura, obrigações de 1, 3, 7, 14 e 21 anos.
A narrativa é leve, de fácil assimilação e ao final da obra encontramos um glossário com alguns termos utilizados no Candomblé e fotos de festas ocorridas no barracão frequentado pela autora.
Apesar da proposta deste blog ser a divulgação de livros kardecistas e umbandistas, eu aceitei fazer esta resenha para conhecer um pouco mais sobre o assunto e poder compartilhar com vocês, auxiliando na quebra de preconceitos que ainda existe contra as religiões de origem africana. Axé ao povo do axé!
Ficha Técnica:
Vida no Candomblé – relatos de um Abiyan
Autora: Ekedji Mel D’Ewá
Páginas: 64
Ekedji Mel D’Ewá é formada em Design Gráfico e atua como designer desenvolvendo projetos para materiais impressos, web e marketing.
Trecho:
Sentia que algo estava diferente em mim. Sim, havia algo estranho acontecendo. Nas duas semanas que antecederam minha entrada, fiquei completamente aérea. Calma, não perdi dinheiro nem o juízo. Mas não estava acompanhando o tempo como as outras pessoas. Foi como se eu estivesse parada em um mundo sem relógio, sem tempo, sem pressa para nada. Bem diferente do mundo atual. Eu não estava imaginando coisas, estava sentindo as coisas.