Antes de iniciarmos a resenha desta obra, iremos falar um pouco sobre quem foi Matta e Silva, ou apenas Pai Matta ou Mestre Ypacani. Matta e Silva foi médium e um grande estudioso da Umbanda. Nascido em Garanhuns, Pernambuco, em 28.06.1917, escreveu várias obras sobre a Umbanda e colecionou seguidores e também muitos críticos. Foi um dos primeiros a mostrar o lado esotérico e metafísico desta religião.
Segundo a Wikipedia:
Woodrow Wilson da Matta e Silva (Garanhuns, 28 de junho de 1917 — Rio de Janeiro, 17 de abril de 1988), mais conhecido como W. W. da Matta e Silva, foi um médium e escritor brasileiro. A sua pesquisa apresenta a religião Umbanda como ciência e filosofia. Foi o criador da “Escola Iniciática da Corrente Astral do Aumbhandan”, a Umbanda Esotérica, em 1940, na “Tenda Umbandista Oriental” (T.U.O.), em Itacuruçá, no estado do Rio de Janeiro.
No livro “Fundamentos Herméticos de Umbanda” o autor Rivas Neto, seu discípulo direto e sucessor, faz um resumo de sua convivência com Matta e Silva. O texto pode ser encontrado em vários blogs na internet, inclusive no do próprio Rivas
- Sobre Matta e Silva – blog Espiritualidade e Ciência
Mistérios e práticas na Lei de Umbanda, é o 5º livro de Matta e Silva. A obra é dividida em 4 partes. Na primeira parte, Pai Matta discorre sobre as raízes históricas da Umbanda, mostrando a forte influência vinda dos cultos indígenas e afrinanistas, o que considera que gerou muitas distorções; fala sobre o que seria a “verdadeira Umbanda” e explica quem são os espíritos que se apresentam como caboclos e pretos-velhos.
Na segunda parte, elucida o que seria a “mediunidade de fato” da “verdadeira corrente Astral da Umbanda”, alertando sobre os riscos das iniciações baseadas no candomblé, mostrando, inclusive, exemplos de como deve ser a disciplina mediúnica e fornece um roteiro para uma correta sessão de Umbanda.
Um dos temas mais polêmicos na obra de Matta e Silva também se encontra neste livro, mais especificamente na segunda parte. O autor dizia que a médium umbandista não deveria incorporar em dias de ciclo menstrual e que as babás não deveriam iniciar os médiuns varões.
Então a mulher seja ela sacerdotisa, Iniciada, de qualquer Escola ou Religião,
jamais recebeu a OUTORGA, jamais recebeu o dom de comando para Iniciar os
VARÕES… também, na Lei de Umbanda, não consta queela tenha recebido essa
outorga, esse comando… Irmão umbandista! A mulher pode ser médium tão bom quanto você…seus serviços na Seara do Cristo é tão importante quantoo seu. Ela é tão necessária no terreiro quanto você… o que estamos dizendo é queela não tem comando para fazer a iniciação de varões…
Pelo que consegui encontrar na internet, este livro foi publicado pela primeira vez em 1956 e de lá para cá muita coisa mudou. Não acredito que a visão aparentemente machista de Matta e Silva seja motivo para desmerecer todo o seu trabalho.
Na terceira parte encontramos explicações sobre o uso de ervas, banhos e defumações, onde Matta e Silva fornece um mapa ainda muito utilizado em diversos terreiros, mostrando a correspondência entre os Orixás, signos e ervas.
Na quarta parte, Matta e Silva explica o uso das oferendas e mostra alguns tipos de “comida de santo” – que é mais utilizada no Candomblé.
No final do livro, Matta e Silva ainda responde algumas perguntas que ele conta que recebia por carta ou telefone.
A meu ver, trata-se de uma obra muito útil aos estudiosos da Umbanda, especialmente da linha esotérica. O livro encontra-se esgotado nas livrarias, mas é possível ler em PDF
Para saber mais sobre o legado de Matta e Silva, acesse “Umbanda do Brasil”